May 9, 2010

Amizade (Peixe "au" sal e sopa de cogumelos)

[um post com duas semanas de atraso...]

O melhor da vida são as pessoas. E se há aquelas que passam por nós, nos marcam, e seguem o seu caminho... há também as que ficam. É com essas que partilhamos, no verdadeiro sentido da palavra. São essas que procuramos quase diariamente, para contar como correu o nosso dia, para mostrar um cd novo que comprámos ou que alguém nos ofereceu, para rirem connosco dos disparates que fazemos e dizemos, para "ralharem" connosco quando achamos que alguém tem de o fazer, para nos ajudar a marcar baínhas de cortinados, para lhes dizer que nos preocupamos, para aprender coisas novas ou para questionar as que já aprendemos, para encarar desafios e para nos desafiarem. Para tudo e para nada.

São essas as pessoas que chamamos para coisas tão simples como para passar uma tarde de sábado, contar que finalmente fomos ao mercado do bairro onde agora moramos, e provar as nossas experiências gastronómicas (resultantes dessa visita ao mercado).

Porque a verdadeira amizade, como eu a vejo, é mesmo isso: estar presente nos pequenos momentos da mesma forma que se está presente nos grandes. Porque, apesar de existirem "momentos-chave" na vida de toda a gente (e que, sem dúvida, nos marcam), eles são apenas uma pequena parte daquilo que somos. Os verdadeiros grandes amigos não são aqueles que estão presentes no dia do nosso aniversário, ou os que vão ao nosso casamento ou à nossa festa de formatura; São aqueles que, diariamente, fazem com que a vida (e os aniversário, os casamentos e as formaturas) seja algo que vale a pena celebrar.


PEIXE "AU" SAL

Já andava há algum tempo com vontade de fazer este prato. Quando cozinhado desta forma, o peixe mantém o seu sabor original, pelo que queria deixar esta receita para um dia em que tivesse oportunidade de comprar um bom peixe fresco. 
Passei no mercado da Boa-Hora (é um mercado diferente, as "lojas" são viradas para a rua; Confesso que me fez lembrar um bocadinho as viagens a Marrocos) e vi umas douradas com bom aspecto numa das bancas. Sabia que não eram de viveiro, porque eram todas de tamanho diferentes (dica para o futuro: quando virem peixe fresco à venda, todo muito arrumadinho e todo exactamente do mesmo tamanho, eles foram certamente criados em viveiros de aquacultura). Esqueci-me de perguntar à peixeira o nome dela (tenho este defeito: gosto de tratar as pessoas pelo primeiro nome). Foi quase tão grave como ter-me esquecido de a avisar que ia fazer o peixe no sal. Isso teria feito com que ela não o amanhasse (ou o fizesse cortando o menos possível a barriga) e não lhe tirasse completamente as escamas. Se fizerem esta receita, não se esqueçam de  pedir isso à peixeira (tratando-a pelo primeiro nome ;) ).

Quando cheguei a casa, comecei a pesquisar na net. Encontrei várias receitas: desde as que me diziam para usar 3 kg de sal (que eu não tinha...) às que me mandavam juntar ao sal claras em castelo (idem). Portanto, não segui nenhuma delas, e fiz assim: resolvi "encher" a barriga das douradas, para tentar remediar o meu esquecimento, e evitar que o sal entrasse; Fi-lo com um ramo de coentros que tinha comprado no mercado (ao qual juntei uma folhas de alecrim). "Forrei" o fundo do tabuleiro com sal, e, depois de as passar por água (achei que assim o sal ia aderir melhor e formar uma camada) pus lá as douradas. O passo seguinte é o mais importante, e passa por tapar o peixe com sal. E é para tapar mesmo, sem medo! Não é para temperar, nem para criar uma camadinha de sal. É tapar mesmo! :) O resultado tem de ser, no mínimo, um peixe branco (mesmo branco) ou uma planície de sal (no sentido em que só sabemos que por baixo há peixe porque fomos nós que o pusémos lá :) ). Antes de pôr o tabuleiro no forno, atirei umas gotas de água para cima do monte de sal (com cuidado, para não remover o sal) e pus uns ramos de alecrim por cima. 
Não me recordo da temperatura do forno, mas deve ter sido elevada. Também não me lembro de quanto tempo deixei lá o peixe, mas sei que não terá sido muito (para garantir que ficava "no ponto" e que não secava).
Quando tirei o peixe do forno, o sal tinha formado uma película dura (parece pedra). Parti a película e, quando a tirei, a pele veio toda agarrada. Portanto... correu bem :)

Para acompanhar, assei umas batatas no forno e fiz uma salada com aquela mistura embalada do supermercado (limitei-me a cortá-la muito pequena, quase como se fosse caldo-verde), tomate cherry, pimento, pepito e coentros, temperada com sal, pimenta, oregãos, manjericão seco, azeite e (bastante) vinagre balsâmico.

SOPA DE COGUMELOS

Acho que nunca devo ter feito duas sopas iguais :) Desta vez, apeteceu-me experimentar coisas diferentes e resolvi fazer uma de cogumelos. Já lá vai algum tempo, mas acho que fiz assim:

Refoguei (em azeite) duas ou três cebolas, com uns dentes de alho. Juntei courgettes em cubos (com casca) e uma coisa que nunca tinha usado (nem provado) que se chama chuchu (e que a senhora da frutaria disse que era bom para substituir a batata na sopa. Como não tive coragem para lhe perguntar se era suposto tirar-lhe a casca - achei que atingi o limite quando perguntei se aquilo era uma fruta ou um vegetal - resolvi tirar, pelo sim, pelo não... Usei 3 chuchus - ou xuxus, não sei ). Juntei uma embalagem de cogumelos brancos inteiros, sal, água, uma batata e deixei cozinhar. Quando os vegetais estavam cozidos, juntei um raminho de coentros e passei tudo com a varinha mágica. Antes de apagar o lume ainda juntei uma caixa de cogumelos laminados e deixei tudo cozer mais um bocado. 
Quando servi, enfeitei os pratos colocando um bocadinho de parmesão ralado (na hora) por cima, e pimenta preta moída na altura.
(um dia vou experimentar gratinar esta sopa no forno, depois venho aqui contar como correu)