February 24, 2013

Coisas que o tempo nos ensina (sopa de tomate com manjericão)


Não há nada como começar um post (quando já não se publica há uma eternidade) com uma verdade universal, e por isso cá fica ela: o tempo passa a correr. Como se isso não bastasse, parece que em cada passo que dá, ele aprende a correr cada vez mais depressa.
Mas há uma coisa boa nesta velocidade vertiginosa de passagem: ele corre tanto que, muitas vezes, nem temos oportunidade para nos apercebermos dos bocadinhos de nós que o tempo leva consigo, nem das realidades novas que nos traz em troca.
E um dia damos por nós, sentados com amigos de longa data, a descobrir que já aprendemos muito. Que inventámos formas de contornar as nossas dificuldades e de comemorar as nossas vitorias. Que fizemos muitos disparates (e que vamos continuar a fazer outros... e que, se assim não fosse, não tinha piada nenhuma). Que continuamos a gostar de nos reunir com os amigos,  mas somos mais exigentes com os locais, as companhias e os vinhos. Que já todos fomos maltratados pela sorte e que isso nos tornou mais rigorosos na escolha dos nossos rumos  mas, acima de tudo, nos ensinou a apreciar mais cada viagem.
Uma grande amiga, no meio de petiscos bem regados, mesas que abanavam e empregadas que chilreavam e sorriam, lembrou-me que o meu estilo é mesmo este: ver o que tenho no frigorifico... E fazer o melhor que sei com isso.  E eu tenho cá para mim que essa foi umas melhores coisas que o tempo me ensinou.




SOPA DE TOMATE COM MANJERICÃO

Tinha o frigorífico quase vazio, e mais vazia ainda a vontade de sair de casa. Mas se há coisa que tenho de ter sempre feita é sopa. Portanto fiz assim:
Refoguei (em azeite, claro) 4 cebolas bem cortadas e 4 dentes de alho, com sal.. Juntei um alho francês, 4 tomates sem pele, e uma courgette (sem casca). Adiconei água e utilizei as únicas batatas que tinha cá em casa: congeladas, pequeninas, para assar. Usei 6. Fechei a panela e deixei cozer.
Enquanto esperava, cozi dois ovos (e, confesso, toquei uma Musica para a panela :) mas quem me conhece sabe que um dos meus instrumentos de cozinha mais importante, curiosamente, é a guitarra).
Quando a sopa estava pronta, apaguei o lume, juntei umas folhas de manjericão e triturei tudo com a varinha mágica. Servi a sopa, e "perfumei-a" (este termo dá a isto tudo muito mais classe!) com pimentas moídas na hora, ovo cozido bem picado (meio ovo por prato) e cebolinho.
Enquanto comia, prometi a mim mesma imensas coisas, entre as quais cozinhar mais, escrever mais sobre o que cozinho...  e continuar a deixar que o tempo, enquanto corre, me vá ensinando umas coisas.