January 9, 2012

Pessoas especiais (Frango à Afonso)





"As pessoas especiais nunca morrem... apenas desaparecem."
E a verdade é que, ainda  que existir e ver-me ao espelho pudesse ser suficiente para me lembrar do meu pai, dou por mim a deliciar-me com pequenas coisas que, de uma forma ou de outra, o vão mantendo vivo. Sei que era uma pessoa muito querida, e que por isso tudo o que faço acaba por tocar muita gente... sei também que, se ele tivesse oportunidade de ver o que faço ficaria, no mínimo, muito feliz... mas a verdade é que o faço por mim. Porque a proximidade que sinto nestas pequenas coisas é inexplicável.
 

Neste Natal ofereci uma prenda muito especial: tinha lá em casa 3 micas cheias de de recortes e manuscritos de receitas que estavam em casa do meu pai. Resolvi agrupá-las, arranjá-las e editar o exemplar único d' "As Receitas do Meu Pai", que, naturalmente, ofereci ao meu mano. Escrevi um prefácio em que contava como aprendi que o cozinhar era o antes, o durante e o depois, e da importância de tirarmos gozo de cada uma destas etapas. Nesse livro, faltou uma receita. Uma que ele, talvez de tantas vezes a fazer, não tinha escrita lá por casa. Tive o privilégio de a aprender "ao vivo", e acima de tudo de partilhar o seu resultado com ele tantas e tantas vezes. Ontem voltei a fazê-la lá por casa, porque as receitas especiais fazem ainda mais sentido quando são partilhadas com pessoas especiais.
Ele chamava-lhe "Frango Crismina". Eu resolvi rebatizá-lo de "Frango à Afonso".




FRANGO À AFONSO


Cortei 2 ou 3 peitos de frango em cubos pequeninos, e fritei-os num tacho com manteiga e um fio de azeite. Juntei uma embalagem de bacon em tiras (há no supermercado umas tiras muito fininhas, que são óptimas para isto) e deixei fritar, mexendo. Depois juntei cogumelos frescos laminadosuma cenoura cortada em meias luas pequenas e 1 caldo de galinha desfeito, e fui mexendo para incorporar tudo. Baixei o lume para o mínimo, e juntei a parte branca de 2 alhos franceses, às rodelas. Sem mexer, pus a tampa, e deixei o alho francês cozinhar no vapor. Passado um bocadinho (não faço ideia quanto,  é sempre a olho :) ), mexi, e temperei com uma mistela que tenho lá num moínho, com pimenta, malagueta e outros que tais, mas se só tivesse pimenta preta também não ficava  mal. Acrescentei 1 pacote de natas para culinária, mexi, voltei a colocar a tampa, e dei-lhe desprezo, sempre em lume brando. 
Servi com arroz basmatti, mas também não fica mal com arroz "normal" ou integral.